segunda-feira, 2 de abril de 2012

Kirchner considera 'absurdo' enclave das Malvinas a 14.000 km da Inglaterra (Postado por Lucas Pinheiro)

A presidente argentina, Cristina Kirchner, disse nesta segunda-feira (2) que considera "absurdo" manter o domínio britânico das Ilhas Malvinas, localizadas a 14.000 km de distância da Grã-Bretanha, durante cerimônia do aniversário de 30 anos da guerra entre os dois países pelo domínio do arquipélago.

"É absurdo manter a 14.000 km o domínio [das Malvinas], quando estas terras correspondem à nossa plataforma marítima", disse Kirchner durante o ato central em memória aos mortos da guerra das Malvinas realizado em Ushuaia, cidade no extremo sul do continente americano.

A mandatária argentina voltou a pedir que a Grã-Bretanha aceite dialogar sobre a disputa da soberania nas ilhas do Atlântico Sul, em respeito ao desejo dos 3.000 habitantes do arquipélago.

"Não queremos nada mais do que o diálogo entre os dois países para discutir a questão de soberania, respeitando o interesse dos habitantes, da maneira como assinalam as resoluções das Nações Unidas", afirmou a presidente aos moradores de Ushuaia e veteranos da guerra, na qual morreram 649 argentinos e 255 britânicos.

Em um discurso de 20 minutos sob um frio intenso, a chefe de Estado disse ser "uma injustiça que em pleno século XXI existam enclaves coloniais. De um total de 16 enclaves, 10 são do Reino Unido".

O premiê britânico, David Cameron, que havia afirmado que "o ato de agressão" cometido pela Argentina há 30 anos tinha a intenção de "roubar a liberdade" dos habitantes das Malvinas, recebeu uma resposta da presidente.

"Não só a liberdade dos habitantes da ilha foi atacada; parece que [David Cameron] não se deu conta de que a liberdade de todos os argentinos estava comprometida, houve milhares de desaparecidos", afirmou Kirchner, referindo-se à ditadura argentina (1976-83), em resposta ao primeiro-ministro britânico.

Em seu discurso, a presidente informou que na sexta-feira (30) enviou uma carta ao chefe da Cruz Vermelha Internacional para "interceder junto ao Reino Unido para identificar os argentinos e britânicos", cujos restos mortais permanecem anônimos desde o fim da guerra.

Estima-se que dezenas de soldados ainda não tenham sido identificados desde o conflito de 74 dias, que terminou em 14 de junho de 1982 com a rendição das tropas da Argentina, então governada por uma ditadura.

Usuhaia é a capital da Terra do Fogo, província em cuja jurisdição está as Malvinas, segundo a Constituição nacional reformulada em 1994.

"Pedimos justiça porque queremos que esta região continue sendo uma área desmilitarizada. Não queremos tambores e capacetes de guerra, a única coisa que queremos são capacetes de trabalhadores", ressaltou Kirchner.

O Ministério da Defesa britânico anunciou nesta segunda-feira que o destróier da Marinha britânica "HMS Dauntless" zarpará nesta semana rumo ao Atlântico Sul para uma missão de seis meses.

O 30º aniversário da guerra acontece em meio a tensão diplomática entre Buenos Aires e Londres pela disputa de soberania sobre as ilhas.

A Argentina recebeu a solidariedade da América Latina na disputa com a Grã-Bretanha. Os países do Mercosul, como Brasil, Uruguai e Chile chegaram a impedir a entrada de navios com a bandeira das Malvinas em seus respectivos portos.

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