quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Juiz britânico concede extradição do fundador do WikiLeaks para a Suécia

LONDRES - A Justiça britânica aprovou nesta quinta-feira a extradição de Julian Assange, fundador do WikiLeaks, para a Suécia, onde é acusado de delitos sexuais. O juiz Howard Riddle comunicou sua decisão na audiência realizada no tribunal do sul de Londres.

Juiz britânico concede extradição do fundador do WikiLeaks para a Suécia

Agência AFP

Em agosto de 2010, um mês depois da divulgação, pelo WikiLeaks, de documentos secretos do Exército americano sobre a Guerra do Afeganistão, a Justiça da Suécia expediu dois mandados de prisão contra Assange, um deles por estupro e o outro, por agressão sexual. Assange estava então na Suécia para uma série de palestras, depois que o Partido Pirata local aceitou acolher vários servidores do WikiLeaks, diante da perseguição das autoridades dos Estados Unidos.
Enquanto a Polícia sueca procurava Assange, surgiam, na internet, denúncias sobre uma possível conspiração contra ele. Pouco depois, a Justiça sueca anunciou a retirada da ordem de prisão.
O porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, declarou que qualquer insinuação sobre uma eventual conspiração do Departamento de Defesa dos Estados Unidos contra Assange é "absurda".
Em 1º de setembro, a justiça da Suécia reabriu o processo de estupro e agressão sexual contra Assange. No dia 20 de novembro, as autoridades suecas pediram à Interpol que ele fosse capturado, com fins de extradição. Em 28 de novembro, WikiLeaks voltou à carga, divulgando mais de 250 mil documentos diplomáticos confidenciais do Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Os documentos revelam, por exemplo, como o governo dos EUA, mais precisamente Hillary Clinton, deu instruções a seus diplomatas para que atuassem como espiões e recolhessem informações sobre líderes políticos e nas Nações Unidas, inclusive dados biométricos e cartão de crédito do secretário geral da ONU, Ban Ki-moon. Como sempre, as informações foram repassadas a cinco grandes jornais do mundo, dentre os quais, The New York Times, Le Monde e The Guardian.
Dois dias depois, em 30 de novembro, a Interpol distribuiu em 188 países, uma notificação vermelha, isto é, um chamado àqueles que souberem do paradeiro de Assange, para que entrem em contato com a polícia. No mesmo dia, Spiegel Online noticiou que um grupo de antigos companheiros de Assange, que discorda da sua orientação e do seu estilo supostamente autocrático, teria planos de lançar outra organização, semelhante à WikiLeaks, ainda em dezembro.
Em 7 de dezembro de 2010, às 9h30 no horário local, Julian Assange apresentou-se à Polícia Metropolitana, em Londres. Ele negou a acusação de crimes sexuais contra duas mulheres na Suécia. Até então não havia indiciamento. O fundador da organização esteve no presídio de Wandsworth até o dia 16 de dezembro e esperava em liberdade condicional por uma nova audiência de extradição.
A acusação da Justiça sueca contra Julian Assange é a de que, durante uma sessão de sexo consensual, seu preservativo se rompeu, tendo sido retirado – o que na Suécia é equivalente a estupro (pena de dois anos de prisão). Uma das denunciantes, Ana Ardin (a outra é Sofia Wilen), alega que Assange rompeu a camisinha de propósito. Ardin é cubana, anticastrista, e consta que trabalhou para ONGs financiadas pela CIA.
Em 14 de dezembro, Julian Assange foi julgado por um tribunal de Londres, obtendo sua libertação mediante o pagamento de fiança no valor de 200 mil libras. Além de ter que entregar seu passaporte, ele ficou obrigado a viver sob toque de recolher e a usar uma pulseira dotada de um dispositivo eletrônico que indica sua localização. A decisão foi anunciada pelo juiz Howard Riddle, da corte de Westminster.

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