terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ex-repórter publica carta com novas denúncias contra o News Inc. (Postado por Erick Oliveira)

O magnata Rupert Murdoch, dono do conglomerado de mídia britânico News Inc., o filho dele, James Murdoch, e o ex-editor Andy Coulson, que trabalhava no grupo, enfrentam sérias novas acusações no caso das escutas ilegais do tabloide "News of the World", após uma carta bombástica de um ex-repórter do tabloide ser publicada nesta terça-feira (16), de acordo com o jornal britânico "The Guardian".
A carta de Clive Goodman, que fazia cobertura exclusiva da família real britânica para o tabloide, teria sido escrita quatro anos atrás, mas só agora veio à tona. O texto afirma que as escutas telefônicas ilegais eram "vastamente discutidas" nas reuniões editoriais do "NOTW", até que o próprio Goodman baniu que fossem feitas novas referências à prática.
Ele também teria escrito que recebeu a proposta de manter seu emprego caso concordasse em não denunciar o jornal quando fosse à corte, e que escutas ilegais foram feitas "com o total conhecimento e apoio" de outros jornalistas seniores.
As acusações podem trazer complicações ao primeiro-ministro britânico, David Cameron, que contratou Goodman após a saída dele do tabloide e depois alegou que o fez porque Goodman nada sabia sobre o caso das escutas.
A firma de advocacia dos Murdoch fez uma carta em resposta às acusações, dizendo que elas dificilmente teriam qualquer crédito, que falam em benefício próprio de Goodman, e que seu conteúdo é "impreciso e enganoso.
As cartas de Goodman e da firma de advocacia foram publicadas nesta terça (16), em meio a outros documentos, pelo comitê de cultura, mídia e esportes do Parlamento Britânico. O parlamentar Tom Watson, um dos membros do comitê, disse em entrevista ao "The Guardian" que o conteúdo é "absolutamente devastador".
"A carta de Clive Goodman é a peça mais importante de evidência revelada até o momento. Ela remove qualquer defesa da News International (braço da News Inc. responsável pelos jornais do grupo). Esta é uma das maiores encobertas que já vi na vida", afirmou.
O texto de Goodman está datada em 2 de março de 2007, pouco depois de o autor ser libertado de um período de quatro meses na prisão. Ele era endereçado ao diretor de recursos humanos da News International, Daniel Cloke, e registrava sua indignação contra a decisão da companhia em demiti-lo por conduta inadequada quando ele admitiu ter interceptado mensagens telefônicas de três membros da família real, o que lhe rendeu o período preso.
Pagamento
Segundo o jornal britânico, a companhia de Murdoch enfrenta uma nova queixa, de que teria tentado enganar o parlamento ao afirmar que Goodman não recebeu mais do que 60 mil libras na ocasião de sua demissão. Os documentos publicados pela comissão mostram, no entanto, que o ex-repórter teria recebido mais de 240 mil libras, referentes a um ano de salário, compensação e custos de advocacia.
Os advogados dos Murdoch afirmam desde o início que o valor pago não se tra tratava de dinheiro para comprar o silêncio de Goodman.

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